segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Catalina Pestana, Maçonaria e Pedofilia...

O folhetim abjecto da Casa Pia continua... Abjecto pois a crer na experiência de quem governou a instituição o abuso de crianças permanece... Como temos a singular capacidade de descermos aos limites de inusitada imbecilidade, nada admira ter escutado pessoas responsáveis alegando desconhecimento e/ou pior ainda, recusando crédito a tais afirmações (repetindo condutas do passado que permitiram que tal situação tivesse ocorrido durante 20 anos)...

Por uma questão de simples bom senso, a julgar pela história, o Poder, e respectivas instituições, nada valem em termos de credibilidade... Qualquer comum
cidadão, portanto, desconfiaria de tão assertiva recusa a que factos do passado estivessem novamente a repetir-se. É que vêm desde há muito as cumplicidades estranhas do estado, sistema judicial, que têm contribuido para escândalos monumentais da/na nossa história...

(Ainda continuamos à espera de saber quem matou um Primeiro Ministro deste país).

Mas para além da denúncia, e constatação, de que nada aprendemos com os abusos dos infelizes da Casa Pia, e de que os mesmos, com alguma probabilidade, continuam (sob as mais variadas formas) fica a nota de que as alterações ao códigos Penal e Processo Penal vêm satisfazer necessidades processuais dos respectivos arguidos...

Independentemente da eventual veracidade de tais alegações o que de importante se revela é o que o nosso "estado democrático" entende, em termos axiológicos, quanto ao conceito/importância da criança na nossa sociedade.

O novo ordenamento do código penal prevê que abusar continuadamente de uma criança configura apenas a prática de um crime, contrariamente ao que acontecia até aqui. A Avaliação de uma sociedade, por parte dos sociólogos, antropólogos, filósofos, etc, faz-se também pelo seu ordenamento Jurídico para aquilatar do seu grau de desenvolvimento humano/valorativo/moral...

Pela factualidade em análise, parece não oferecer dúvida que a lei penal passa a configurar conceptualmente a criança num registo de menor importância do que o fazia até aqui... Tal mostra um estranho sentido de ruptura/contra-ciclo do que tem sido a evolução dos valores e do conhecimento das ciências na área do desenvolvimento humano.

Parece que os prosélitos do engenhêro Sócrates (contrariando pareceres de todos os agentes judiciários -particularmente magistratura- e oposição política) mais uma vez perderam o bom senso/razão, manifestando autismo relativamente à opinião de quem de
facto sabe do assunto. Ou então, talvez haja mesmo algo mais de obscuro... (A explicação de que se pretendeu passar para o texto da lei o que é a jurisprudência do Supremo, acentua a falta de credibilidade de quem pronuncia tal dislate)

Catalina Pestana foca também as cumplicidades de certa maçonaria, numa semana em que a TVI fez uma reportagem interessante pelos meandros da discreta irmandade. Em primeiro lugar deve-se assinalar uma certa discrepância hermenêutica entre o sentido das palavras do título da notícia no semanário "SOL" (quase que parece associar-se a Maçonaria a um bando de malfeitores) e o que são as palavras de Catalina Pestana na entrevista (onde refere, de facto, uma característica da ordem que é a protecção aos seus membros desde que estes não desrespeitem a ordem/lei, dever-se-ia acrescentar)
.

Este ponto merece reflexão também a partir da reportagem da TVI... De facto, pela razão de opcionalmente optar pela discrição, a maçonaria tem sido um alvo apetecível da inveja e maledicência... Do mesmo modo que na vida social aquele que opta por uma postura "Low Profile" se torna alvo fácil às mais variadas conjecturas, apenas porque, em plena manifestação da sua liberdade pessoal, opta por manter uma sóbria equidistância no sentido de se comprometer apenas com a excelência evitando os extremos próprios da mediocridade.

Não é por acaso que o povo diz que "No meio é que está a virtude". Se Catalina Pestana aponta um dedo crítico a certa maçonaria, já indicia de sua parte um sentido de justo bom senso ao não medir o todo pela parte. Pois em todas as organizações compostas por homens desvios acontecem mas não devem desmerecer o bom nome de toda a estrutura. A protecção entre maçons, por outro lado, existe, mas supõe o limite pela lei e pelos valores do estado.

Mas esta visão distorcida da maçonaria esteve presente em alguns momentos na reportagem da TVI, pela voz de D. Carlos Azevedo, bispo auxiliar de Lisboa... "Para a Igreja é incompatível ser maçom e católico". Para criticar de seguida o ecletismo dos maçons no respeito por outros livros sagrados. Mais à frente uma outra avaliação negativa relativamente ao secretismo da maçonaria. O que têm estas palavras de interessante é o poderem configurar, contrariando os objectivos de quem as proferiu, profundos elogios à ordem maçónica vindos de alguém com forte ligação à Opus Dei.

Na verdade, como católico que não abdica do uso da divina razão e correspondente sentido crítico, penso como legítimo questionar o fundamento lógico de um representante da minha Igreja levantar inquisitório dedo questionando discrição e segredos alheios como mal em si mesmo. Tal só pode significar que amanhã poderemos entrar pelo Vaticano e vasculhar as suas secretas bibliotecas e tudo o que durante séculos tem sido ferozmente mantido oculto.

Se o ecletismo, em termos de respeito pelo outro e pela diversidade, é erro de que a maçonaria padece, então, com base nos preceitos cristãos que desde cedo incorporei, resta curvar-me respeitosamente à Augusta Instituição Maçónica e a todos aqueles que ao longo dos séculos escreveram a história da humanidade partilhando a pertença à Irmandade com sua condição de crentes católicos... Aliás, é curioso observar que este antagonismo da Igreja (ou de uma certa Igreja, pois há padres maçons) não tem correspondência noutras culturas/latitudes mais parecendo resquícios de um catolicismo que falha/demora em adaptar-se à mudança. Só em 1992, 359 anos depois, a Igreja (João Paulo II) reabilitou Galileu...

Das ligações com o poder, e numa semana em que proliferam notícias sobre situações relativas a uma importante instituição bancária, a qual tem membros com ligação à "Opus Dei", aspecto que não mereceu exploração noticiosa, nem teria que a ter, facilmente se mostra como a inveja relativamente à maçonaria é apetecível. Talvez para que, outros sim, possam cumprir seus objectivos sem entraves dos que amam a liberdade, a justiça e a fraternidade.

A ligação da "maçonaria" a um certo encobrimento dos casos de pedofilia parece-me ignóbil... Pela simples razão que maçons também são pais e a Augusta ordem exige dos seus membros uma conduta de excelência, em primeiro lugar, também no que diz respeito à família e respectivos valores.

Aliás, os escândalos pedófilos que a partir da década de oitenta abalaram a Igreja Católica pelo mundo fora, só por estultícia e/ou torpe conduta poderiam permitir associar esta instituição, e os católicos, a tais práticas.

Relativamente à entrevista de Catalina Pestana e o processo Casa Pia, mais parece que as referências marginais, obscuras e conspirativas, denotam uma tentativa de Branqueamento da responsabilidade do estado e de certa magistratura, ao acumularem fracassos no exercício da legalidade que deveria ser Justa e Perfeita, e correspondente falência do estado democrático.

Relativamente à reportagem da TVI, para quem de maçonaria nada percebe, como eu, o trabalho jornalístico reforça uma positiva imagem pública, até porque os ancestrais oponentes (Opus Dei/Alguns sectores da Igreja) denotaram alguma falha de argumentos que pudessem beliscar, mesmo ao de leve, a credibilidade da Instituição Maçónica.

Só falta esperar pelas novas diligências sobre os abusos ainda supostamente em curso, e agora denunciados, o que deverá acontecer ainda este século.

2 comentários:

Unknown disse...

Caro amigo, vai mal o estado da nação hein!...

E não acho que lhe estejas a fazer um retrato demasiado negativo.. infelizmente!

Estas recentes alterações aos códigos penal e processo penal, revelaram-se desadequadas à realidade e nasceram coxas.

E quando se diz que uma Lei acabadinha de aprovar nasceu coxa... é grave.

É grave porque sendo uma Lei nova, os entendidos já só concordam que tem alguns aspectos positivos, quando na pior das hipóteses deveriam dizer precisamente o contrário, que possui alguns, poucos, aspectos negativos.

Uma Lei deste tipo, deixa realmente muitas interrogações/suspeições no ar, principalmente se tivermos em conta o curto prazo que foi imposto, praticamente à força, para a sua entrada em vigor que é no mínimo anedótico.

Uma Lei que apanhou toda a gente de surpresa e que mais parece ter sido feita por encomenda.

Abraço e continua a desmascarar a verdade por detrás da cortina.

Anónimo disse...

Abuso Sexual em Brodowski, ex-conselheiro e lider maçon é condenado a 18 anos


Crime teria sido praticado contra dois irmãos, duas crianças da cidade, uma de 2 e outra de 11 anos

A Justiça de Brodowski condenou o ex-presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e o Adolescente (CMDCA) e um dos líderes da Maçonaria na cidade, André Luis Serrano Cabral (foto ao lado), a 18 anos e oito meses de reclusão por atentado violento ao pudor. O crime teria sido praticado contra dois irmãos, duas crianças da cidade, uma de 2 e outra de 11 anos. A decisão da juíza Carolina Moreira Gama é da última sexta-feira, 26 de fevereiro, e todas as partes já foram notificadas da sentença.

A denúncia diz que os abusos teriam ocorrido em abril do ano passado, durante atendimentos que o ex-presidente prestava à família das crianças. Familiares denunciaram o fato à Policia Civil e a o Ministério Público Estadual (MPE).
O ex-dirigente está preso desde 28 de maio do ano passado no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Serra Azul. Tanto a defesa do réu como o MPE pediram o aumento da pena e a defesa a absolvição do réu. Ele poderá requerer a liberdade quando cumprir dois quintos da pena, se não for absolvido no TJ-SP.

O promotor de Brodowski, Leonardo Romanelli, autor da denúncia, disse que as principais provas do MPE eram os depoimentos das crianças e de outras quatro testemunhas, além do laudo psicológico que atestou que os garotos teriam ficado perturbados após os abusos e desnvolvido problemas. Romanelli afirmou que os meninos revelaram que André Luis Serrano Cabral, o então presidente do conselho, que era chamado de “tio” por eles, teria praticado os abusos por três vezes, um deles em sua própria casa. “As crianças disseram ainda que os atentados ocorrerem dentro do carro da autoridade, e isso por duas vezes. Falaram ainda que o conselheiro pegou nos órgãos genitais deles e obrigou os dois a se tocarem. O menino mais velhos, de 11 anos, falou que foi obrigado a beijar o conselheiro na boca”

Romanelli já apresentou recurso da decisão por entender que a pena deveria ser um pouco mais alta, argumentando que o ex-dirigente do CMDCA abusou de duas crianças de pouca idade, entre elas uma de dois anos, “que ainda não possui discernimento”.
Outro aspecto alegado pelo promotor é que André Luis Serrano Cabral ocuparia uma função de muita importância na cidade, chancelada pela prefeitura e pelo Poder Judiciário, e “sendo assim deveria, na verdade, zelar pela segurança e integridade física e intelectual das crianças e adolescentes”. “Ele utilizou-se do cargo para abusar de quem deveria proteger. Essa era a função dele”, argumentou o promotor.

Porém, o representante do MPE considerou corajosa a sentença prolatada pela Justiça de Brodowski. “O meu recurso apresenta apenas uma questão meramente técnica. Parte da jurisprudência concorda e outra discorda. Eu defendo que a pena seja um pouco mais alta”.