sábado, 22 de setembro de 2007

Efeito Mourinho?

Haverá um efeito Mourinho? Se sim, então qual a sua causa? No que se mostra através da comunicação social, em primeiro lugar observa-se uma pessoa inteligente a gerir de forma exemplar carreira e imagem, dotado de notória habilidade de liderança no modo como comunica e motiva, sendo ainda naturalmente um profissional competente na sua esfera de acção...

Não imagino Mourinho, sempre orientado para a vitória/sucesso (não apenas nas palavras, mas acima de tudo na atitude), a culpar os seus subordinados e jogadores
de um modo sistemático pelos resultados menos bons. Aliás, fala quem sabe, que a culpabilização de tudo e de todos ("blaming"), é um "tique" comportamental dos fracassados, dos incompetentes, dos fracos...

Eloquentemente Camões escrevia que: "Fracos reis fazem fraca a forte gente"... Tudo isto permite enquadrar de modo muito peculiar/especial todos os discursos que nos embalam na deprimente alma lusitana quer seja dos empresários que culpam trabalhadores e legislação pela medíocre competitividade, quer políticos que pateticamente se culpam entre si por uma incompetência que é de quase todos eles...

Neste final de semana dois cancros voltam a corroer dolorosamente a nação... Justiça e Educação... Na educação, depois de um reiterado discurso da inepta Ministra culpando professores pelo fracasso dos alunos, vêm as estatísticas da OCDE arrasar o rumo de importantes aspectos das políticas educativas, nomeadamente resultados e investimentos terceiro mundistas.

A preocupação do governo passa pela montagem de cenários de distribuição de computadores, pagos pelas operadoras moveis, mas que o "desgoverno" reclama para si... Passa também pela criação de estatísticas manipuladoras, inventando programas de reclassificação de competências que mais não fazem do que distribuir diplomas e, artificiosamente, enquanto o diabo/governo esfrega o olho, tentar pulverizar miseráveis índices educacionais do país (típica esperteza saloia de quem não tem a pátria como horizonte de preocupação)...

A verdade vem à superfície de modo cristalino, facilmente se descobrirá quem tem como primário escopo sorver à manjedoura do estado... Se considerável parte da nossa classe política são carreiristas partidários sem profissão (lembremos os engenheiros primeiros ministros do Partido Socialista), pelo menos podiam adquirir alguma competência comunicativa para verdadeiramente liderar o ânimo da Pátria... Aprendam com o Mourinho ou os primeiros tempos do Scolari, que fazem mais pela auto-estima do país do que o universo de mentes turvas que têm traçado o rumo da nossa história.

Sobre a justiça, a aplicação do novo CPP (Código do Processo Penal) revela o que só os néscios ainda não realizaram... A falência da Democracia (se é que alguma vez
verdadeiramente nasceu/existiu)... Violadores, entre vasto espectro de outra criminalidade, gozam agora de liberdade escarnecendo o estado, a lei, os dignos profissionais da justiça, devido ao incumprimento vergonhoso de prazos, particularmente da prisão preventiva.

Salvo melhor opinião, será que a culpa é da lei ou da falta de diligência de alguns que a aplicam... Como explicar os anos a fio de espera pelo resultado de recursos do Supremo ou dos tribunais da Relação? Que andam a fazer afinal alguns desses senhores... Não são só os criminosos que vêem a luz imerecida da liberdade que devem merecer nossa preocupada atenção, é preciso lembrar o exército de vidas destruídas dos que, por atraso indesculpável, sofrem danos irreparáveis imagem do estado democrático no seu melhor, como mostra o sorriso irrepreensível dos nossos governantes...

O estado está em fase terminal... O prolongamento da agonia permite apenas a alguns poucos engordar em tempo de vacas muito magras para os restantes.

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Tiros no Pé!

A ministra da educação soma e segue... Porque carece de humana urbanidade adjectivar negativamente quem o merece por sofrer de confrangedora menoridade, diga-se apenas que maria de lurdes rodrigues é insuperável em surpreender pela negativa... "Não chumbem as nossas crianças, elas não são diferentes das dos outros países... reprovar é o mais fácil".

Se a dita sra. tivesse aquele
mínimo bom senso cartesiano, se atingisse um patamar mínimo de exercício mental, perceberia que a sua mensagem pode ser entendida (mesmo que não fosse sua intenção) como afirmação de que o sucesso se atinge sem esforço, basta boa vontade dos professores... Mas pedir isto à sra. ministra deve ser tarefa hercúlea.

Aliás, ela, pobre coitada, nem se apercebeu que ao dizer que as nossas crianças não são diferentes das de outros países esqueceu a variável, se calhar mais importante... É que as crianças dos outros países têm políticas educacionais, e ministros, sumamente mais competentes...

A pobreza mental de maria de lurdes rodrigues não atinge que já hoje se inverte a facilidade da reprovação (de que os professores são acusados) pela facilidade da aprovação.... Aliás, se a dita senhora percebesse alguma coisa de educação, e se preocupasse menos com estatísticas enganadoras, perceberia que os professores vêem com preocupação a existência de uma descida de nível na qualificação do nosso alunado, resultado das políticas praticadas, que tão chocante dislate corporiza.

É com apropriado propósito que nas Olimpíadas Ibero-Americanas da Matemática, em Coimbra, um Jovem
português, João Guerreiro, terceiro classificado, ao ser entrevistado pela TSF afirmou com madura inteligência que o problema da matemática tem a ver com o facto dos jovens não quererem trabalhar. É que a aprendizagem desta disciplina exige horas de treino diário e nem toda a gente está disposta a isso.

Seria bom que a ministra da educação aprendesse alguma coisa, para variar, com este rapaz de 17 anos. É que as palavras da sra. soam bastante a incentivo irresponsável a não trabalhar (a fazer lembrar políticos com habilitações académicas duvidosas) encapotado por suposta malvadez dos srs. professores os quais devem tornar-se em dóceis fazedores de boas estatísticas... A bem do governo, mas trágico para a pátria... Se é que isto preocupa quem nos desgoverna...


Orelhas em Brasa?!

Hoje Sua Ex.ª o Sr. Presidente da República afirmou, na sua habitual, e superior, sobriedade, que ele próprio é exemplo da importância da educação na vida de um cidadão... Foi graças a ela que hoje é quem é, devendo-lhe o seu sucesso...

Ora, tomando o engenhêro como exemplo do que é maior/boa parte da nossa classe política, carreiristas partidários, muitos sem terem tido uma única experiência profissional, sem conhecimento do que é candidatura/luta pelo trabalho... E, se acrescentar-mos a vergonhosa história do diploma do Sr. engenhêro (à mulher de Caesar não basta ser séria, tem de o parecer), da formação estilo Séc. XXII, via fax, bem que se pode dizer que o "líder" deve ter ficado com as orelhas a arder... De facto, tomando como exemplo as palavras do Sr. Presidente, parece que o nosso primeiro não é propriamente modelo exemplar...

Por outro lado, que crédito podem ter palavras a favor da escolarização quando cerca de 50.000 licenciados/professores ficam no desemprego e o governo/Ministério da Educação (sempre "ele") reage com encolher de ombros...

Já agora bom seria que o nosso primeiro ministro seguisse também o exemplo do Sr. Presidente da República no que respeita ao modo de discursar... É que a voz afectada, escorrendo patético sofisma, de tanto grito começa a irritar...

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Mãe, Com Depressão, Mata Dois Filhos em Viseu

"Uma mulher matou hoje dois filhos menores na residência da família, em Santiago, nos arredores de Viseu, tendo-se suicidado de seguida.

Um familiar da mulher ouvido pela Lusa disse que os homicídios terão sido praticados no quarto onde as crianças se encontravam, suspeitando-se que a mulher tenha usado uma serra eléctrica para matar os filhos – uma rapariga de 11 anos e um rapaz de oito.

A mãe suicidou-se em seguida com uma faca, adiantou o mesmo familiar, acrescentando que a mulher estaria "com uma depressão nervosa"

Tamanha tragédia, como são todas aquelas que envolvem crianças, levanta duas questões: que a biologia como critério para fundamentar, por exemplo, algumas decisões judiciais carece fortemente de sentido, quando tomada em sentido absoluto.

Sabendo que a depressão não é propriamente doença de curta duração, há legitimidade para questionar sem acusar, se faltou proficiência das instituições que devem proteger crianças?

Políticos de Cócoras

Após meses de enxovalho do país e das instituições policiais, de sermos vistos como párias do mundo civilizado pelos média britânicos...

Após, mais uma vez, as instituições de protecção de menores não justificarem, pela incompetência, o dinheiro que consomem ao estado e de estabelecerem distinção intolerável de procedimentos quando se trata de cidadãos estrangeiros e portugueses (actuariam com igual despreocupação com crianças portuguesas como procederam com os irmãos de Maddie, e pais, aparentemente, negligentes?)...

Após, ridiculamente, o ministro da justiça ter fugido dos repórteres quando questionado pelo seu silêncio na defesa das instituições policiais por si tuteladas... Finalmente ele falou... Igual ao que é a imagem da justiça portuguesa... Tardia, patética, ineficaz, vergonha da pátria... Falência reiterada da democracia....

domingo, 2 de setembro de 2007

Pérolas de Mentes Brilhantes...

Escutando trabalho de investigação da SIC sobre tempos livres de figuras públicas, a ministra da cultura, sim temos uma mas não me lembro o nome, afirmou: "Sempre pratiquei desporto, quer na adolescência quer na juventude"...

sábado, 1 de setembro de 2007

Notas Soltas 3, Os Ratos Espanhois...

Se bem me lembro, Aristóteles, para explicar alguns dos fenómenos naturais (nomeadamente do movimento), tinha uma tese muito simples: a ideia do lugar natural... Em termos simplistas, sem grande pretensão académica, uma pedra cai naturalmente para o chão porque se desloca para o lugar onde se encontra a substância que a constitui, tal como a chama de uma vela contorna o objecto que se lhe coloca por cima como se a dita chama tentasse mover-se em direcção ao Sol, lugar natural por excelência do fogo... Isto a propósito da notícia de que uma praga imensa de ratos invadiu zonas em Espanha próximas da fronteira portuguesa.

A preocupação dos agricultores portugueses não se fez esperar com natural receio de destruição de culturas: O Ministro da agricultura, sim é verdade parece que também temos um, disse não haver motivo para preocupação...

Confesso que fiquei confuso... Tendo em conta as duas notas anteriores nada me admiraria que, à boa maneira aristotélica, os ratos viessem para Portugal. Mas fora o humor, intrigantes mesmo devem ser os contactos secretos do governo entre os roedores para afirmar com tanta segurança a não necessidade de preocupação com os mesmos...

Notas Soltas 2, Paixão da Educação, Versão sócrates e maria de lurdes rodrigues

Pois é, o líder foi dar computadores e diplomas a Elvas... Contrariando o seu habitual estilo, desta vez não gritou, tanto, claro, afirmando doutamente que "é preciso aumentar os índices de escolaridade" (entre outras tantas banalidades que toda a gente já sabe).

O caricato foi de seguida ter fugido quando questionado sobre 45.000 professores não colocados... É isso mesmo... Turmas a rebentar pelas costuras, demoras na substituição/colocação de professores, docentes sobrecarregados em final de ano lectivo com correcção de exames... Programas extensos aos quais alunos com necessidades educativas mais especiais necessitariam de atenção mais cuidada, taxas terceiro mundistas de abandono escolar... Contraditoriamente 45.000 professores vão ficar sem possibilidade de exercerem as suas competências...

Aliás... Que valor, que capacidade de convencimento, têm as palavras de preocupação do LÍDER, quanto aos baixos índices de escolaridade, quando a ministra de educação encolhe os ombros relativamente a mais de 45.000 docentes/licenciados no desemprego?
Qualquer um perguntaria com legitimidade: estudar então para quê? Perder tempo e dinheiro para ficar no desemprego? Só se for para ser desempregado, ou sem abrigo, erudito... Caramba como isso ficava bem nas nossas estatísticas...

Falta também explicação para o facto de o ministério da educação ter determinado critérios de menor exigência para a correcção dos exames do 12º ano tendo tal como consequência uma melhoria (distorcida) de resultados finais...

Mas somos ainda brindados com outra medida: a entrada na carreira docente vai exigir a realização de três exames com exigência de nota mínima de 14 valores.

À partida parece razoável mas... Então quem fará esses exames? Se o ministério tem dificuldade em realizar exames para jovens do secundário?... E se um candidato tiver um percurso académico notável? E não é verdade que há licenciaturas que integram estágio e formação pedagógica? Nesse caso vão realizar-se mais exames para avaliar o quê? Então as faculdades quando lançam fornadas de diplomados com respectivas classificações não são idóneas para as atribuirem?

Mais parece uma daquelas ideias peregrinas.... Mas a questão que me começa a surgir é: Quem avalia os nossos políticos? O engenhêro não deveria ter feito exame de engenheiro antes de assumir a pasta? Quando somos ostensivamente confrontados com comportamentos, e/ou dislates de menor dignidade dos nossos governantes, não lhes deveríamos exigir prestação prévia de capacidades?

veja-se o vídeo e perceber-se-á melhor a questão.


Notas Soltas 1, O Grande Líder...

Hoje em Elvas sócrates afirmou qualquer coisa como: "Não há maior prazer para um líder num Sábado de manhã do que vir elogiar os seus concidadãos"... Ora, a primeira coisa a reter é: ELE É UM LÍDER...

Enfim, até aqui tudo bem, apesar do homónimo do nosso PM, o verdadeiro Sócrates, aquele cidadão do mundo do séc V a.c. (que nunca teria feito o Inglês técnico pois na altura não existiam fax's), idealizar a pessoa virtuosa como sendo possuidora do atributo da humildade (entre outros)...

Mas ultrapassando esta pequena contradição (uma vez que me parece não existir rigor lógico conceptualizar um líder como não contendo nos seus predicados a necessária virtude da humildade, entre outras/os), o que mais ressaltou à vista foi o engenhêro (persisto em não querer ofender os engenheiros) a fugir aos repórteres quando questionado sobre os 45.000 professores não colocados ou sobre os vetos presidenciais... Com alguma propriedade, creio, invoco um dos nossos maiores, Camões: "Que um fraco Rei faz fraca a forte gente"... (canto III, Lusíadas, Estrofe 138)... Não há como a sabedoria dos antigos para nos ajudar a perceber o presente...